O APEGO A MATÉRIA
O apego à matéria é causa de sofrimento após a morte
A Sra. Clarete, enfermeira aposentada que morava sozinha, morreu no início de 2024, aos oitenta e poucos anos de idade, por complicações decorrentes de uma cirurgia em um de seus joelhos. De sua família consanguínea só lhe restara um sobrinho, já com mais de setenta anos, que morava em cidade distante. O sobrinho sempre ia cuidar da tia quando ela o chamava, e ficava na casa dela pelo tempo que fosse necessário. Ela o chamou alguns dias antes de submeter-se à cirurgia e ele prontamente a atendeu. As complicações de saúde, após a cirurgia, a levaram a óbito em menos de vinte dias. O sobrinho então providenciou o enterro, conforme sua tia lhe havia recomendado. Antes de voltar à sua cidade, passou mais alguns dias na casa dela a fim de doar móveis, utensílios e outras coisas a algumas pessoas que prestavam serviços a ela, e aos vizinhos que eram amigos dela. Levou consigo apenas um cachorrinho que a tia lhe recomendara que cuidasse, caso morresse antes dele.
Alguns dias depois que ele havia chegado em casa, sua esposa notou que ele estava demasiado triste, irritadiço, e sentia cansaço sem fazer esforços. Além disso, não dormia bem e começou a sentir fortes dores numa das pernas. Não por coincidência, era sua perna direita que doía, e foi na perna direita que sua tia sofrera a cirurgia.
Familiares de sua esposa, que são espíritas, ao tomarem conhecimento do fato, buscaram o auxílio dos bons Espíritos para entender o que se passava. Foi-lhes dito que a Sra. Clarete ainda se julgava viva, sofria muito e estava inconformada com sua situação. Era devido à sua aproximação do sobrinho que ele sofria, pois não havia se dado conta da própria morte. O que fazer em situações como essa, o Espiritismo ensina muito bem. A Sra. Clarete fora evocada várias vezes pelos familiares da esposa do seu sobrinho. Por julgar instrutivas, vamos reproduzir aqui algumas dessas conversas.
A primeira evocação foi no dia 9 de maio de 2024, mas a conversa não rendeu muito, porque o Espírito estava zangado e dirigiu-se ao grupo nestes termos:
- Não sei por que me chamam, se quando eu falo não querem me ouvir! Nem sei quem são vocês.
Observação: a Sra. Clarete não era uma pessoa de muita conversa e não gostava de falar com estranhos. A única pessoa cuja companhia lhe agradava era seu sobrinho, mas ele não acredita em Espíritos e não participaria de uma sessão para chamar sua tia. Quando ela disse que não a ouvem quando fala, é porque falava com o sobrinho e sua esposa, mas eles não a ouviam, obviamente porque não são médiuns audientes.
1. Nós somos amigos do seu sobrinho e parentes da esposa dele. Queremos ajudá-la porque sabemos que sofre.
- Se nem os médicos podem me ajudar, como vocês poderiam?
2. Nós a chamamos em nome de Deus e desejamos sinceramente vê-la livre desse sofrimento.
- Besteira! E ainda usam o nome de Deus!
3. Acredite, Sra. Clarete, seu sobrinho não consegue lhe ouvir.
- Ele consegue me ouvir! Sempre foi obediente, mas agora parece que entende o que digo pela metade, ou faz de conta que não entende...
4. Poderia dizer-nos de que natureza é seu sofrimento? Ainda sente dor?
- Eu ainda sinto dor e muita fraqueza. Não tenho mais casa. Ele é o único que se importa comigo.
5. Nós nos importamos com a senhora, e alguns Espíritos amigos também se importam e querem lhe ajudar.
- Espíritos! O que pode um Espírito fazer por mim? Essa conversa não tem sentido!
6. Foi a senhora que pediu ao seu sobrinho que cuidasse de seu cachorrinho?
- Fui eu, mas só quando eu morresse.
7. A senhora acredita que ele o levaria embora, se isso não tivesse acontecido?
- Ele o levou porque esvaziaram a minha casa.
8. A senhora tem ido procurar seu sobrinho?
- Eu moro com ele agora, porque não tenho mais para onde ir.
(Psicografada dia 9 de maio de 2024.)
Segunda conversa
(Dia 10 de maio de 2024)
Evocação do Espírito da Sra. Clarete
- Eu não costumo ir aos lugares onde não quero ir. Não costumo fazer o que não quero fazer!
1. Quem nos fala?
- Clarete.
2. Nós a chamamos porque sabemos do seu sofrimento e isso nos toca o coração.
- Não podem fazer nada por mim, pois nem ao menos são médicos. Meus problemas vocês não podem resolver. Eu reservei algum recurso para cuidar da minha saúde, mas vejam o que aconteceu! Está tudo de pernas para o ar!
3. A senhora ainda precisa cuidar da saúde, não mais do corpo, mas de sua alma que sofre.
- Eu sei o que fazer. Tenho pedido ajuda ao meu sobrinho e não preciso de mais ninguém, porque tenho a quem recorrer.
4. Tem buscado algum médico?
- Não, porque eles não resolvem, então agora eu ajo por conta própria. Preciso ficar tranquila, não me incomodar com as coisas. Mas vejam o que fizeram com a minha casa, com a minha vida!
5. Nós queremos lhe ajudar, mas é preciso que a senhora peça a Deus que alivie o seu sofrimento, que abra os seus olhos. Seu sobrinho não pode mais ajudá-la, acredite.
- Eu falo com ele e digo: Escute o que estou falando, escute! Meus Deus! É só escutar o que eu tenho a dizer, só isso!
6. Alguma vez ele deixou de escutá-la?
- Não. Mas agora ele fica se fazendo de surdo, todos fazem isso.
7. A senhora não desconfia por que isso acontece?
- Não sei.
8. Ele não lhe ouve, por mais que a senhora grite. Ele fica irritado, nervoso e vai adoecer, se a senhora continuar a fazer isso com ele.
- Vou falar com quem, então? Vou pedir ajuda a quem?
9. Nós estamos ouvindo a senhora e queremos lhe ajudar.
- Eu não conheço vocês, não sei o que querem. Talvez só queiram me enrolar...
10. Nós somos amigos da Sra. I., sua irmã. Ela também pode lhe ajudar.
- Como ela pode me ajudar, se está morta? Se ela pudesse, sei que me ajudaria mesmo, mas se ela pudesse...
11. Lembra-se do que se passou no hospital, enquanto a senhora estava internada?
- Eles fazem o que eu sei que fazem, largam a gente lá e deixam. Se a gente grita, bate o pé, eles vêm atender, senão deixam a gente largada. Eu não aguento mais isso! Eu falei ao meu sobrinho que fosse mais firme, que não deixasse as coisas ficarem assim. Vejam só! Um descuido meu, e olha o que aconteceu!
12. Como a senhora foi para a casa do seu sobrinho?
- Como eu iria? Fui com ele de carona.
13. Como veio até aqui, se estamos longe da casa dele?
- Não sei! Como vou saber? Só sei que ficam me chamando, então vim aqui para ver o que tanto querem falar comigo.
14. A senhora consegue perceber como está falando comigo?
- Como poderia ser? Ora, como eu sempre falo!
Observação: geralmente os Espíritos que se julgam vivos, e mesmo aqueles que desconhecem o meio de comunicação com os vivos, não se dão conta de que se comunicam utilizando-se de um médium. Um de nossos parentes, já sabendo que não estava mais no corpo, ao comunicar-se por uma de suas filhas lhe perguntou: "Por que você anota tudo o que estou dizendo?" A filha respondeu: "Anoto para não esquecer, pai."
15. A senhora quer continuar recebendo a nossa ajuda?
- Não sei se podem me ajudar.
16. Nós podemos. Talvez sejamos os únicos vivos que podem neste momento. A senhora sabe onde está agora o seu cachorrinho?
- Eu vi que ele está na casa do meu sobrinho.
17. Poderia imaginar que em algum momento, por qualquer razão, ele o retiraria de sua casa sem o seu consentimento?
- Claro que não. Eu perguntei a ele por que fez isso, mas ele não me responde. Era só me dizer que quis trazer para cá, e pronto.
18. Ele o levou porque a senhora não pode mais cuidar do animal. Sabe por quê?
- Não sei. Por quê?
19. Porque a senhora não está mais no corpo físico.
- Não entendo o que você está falando, não entendo.
20. Falo da morte. Quando morremos, deixamos o corpo físico e não podemos mais falar com toda gente, porque nem todas escutam os Espíritos. Nós é que temos o hábito de falar com os mortos, pois somos espíritas.
- Você fala coisas que não fazem sentido para mim.
21. A senhora só vai entender o que está acontecendo, quando quiser entender. A senhora sempre foi à Igreja, sempre rezou muito, e os católicos sabem que temos uma alma que sobrevive ao corpo. Ou a senhora acredita que tudo acaba com a morte?
- Não poderia acreditar nisso.
22. Pois foi o que aconteceu. A senhora é um Espírito que sobreviveu à morte do corpo.
- Não vou mais ficar aqui ouvindo isso. Não quero mais falar com vocês, porque agora fiquei confusa...
23. Nós só queremos o seu bem.
- Então me deixem. Eu só quero sossego, quero um pouco de repouso.
24. Repouse e reflita. Que Deus a abençoe.
(Por psicofonia, dia 10 de maio de 2024.)
Terceira conversa
(Dia 21 de maio de 2024)
Inicialmente fizemos, pelo Espírito da Sra. Clarete, a prece por alguém que acaba de morrer1, depois a evocamos.
Repetimos o chamado algumas vezes, mas o Espírito não queria se comunicar. O médium percebeu o Espírito se aproximar, mas não queria falar. Então veio-nos a inspiração para fazer a Oração Dominical em favor do Espírito, com fervor e sinceridade, que então ele se comunicaria. Logo depois da prece, a Sra. Clarete começou a falar:
- Eu não queria mesmo vir, mas cedi aos seus apelos porque percebi sinceridade na prece.
1. Que bom que a senhora nos atendeu. Da última vez que conversamos a senhora estava muito cansada. Como se sente hoje?
- Ainda um tanto cansada e minha cabeça está confusa.
2. Tem pedido a Deus, com sinceridade, que a ajude a clarear os pensamentos?
- Tenho tentado, mas eu ainda sinto cansaço, como se carregasse algo pesado nas costas.
3. A prece vai ajudá-la a se desfazer desse fardo, porque Deus envia o socorro.
- Eu senti um alívio quando você fez por mim o "Pai Nosso". Eu sempre rezava essa prece. Hoje ela fez um bom efeito sobre mim, me deu um pouco de paz, mas percebo que tenho que me esforçar mais. Não tenho parado para rezar, porque ainda fico com o pensamento ocupado com as coisas que tanto me preocupam.
4. Com o quê a senhora tanto se preocupa?
- Eu me preocupo com as coisas que ainda não resolvi. Eu refleti sobre aquilo que você falou, mas é difícil de entender. É muito difícil. Como posso entender que morri, se ao mesmo tempo continuo vendo todas as coisas que se passam ao redor? Tudo está mudado na minha vida, é verdade. As minhas coisas não estão mais do jeito que eu cuidava, mas eu não entendo por que é assim, me falta algo para entender. Entendi que não estou mais no corpo. Já sei, mas é difícil de aceitar que não estou mais aí, e ainda estou mesmo assim. Eu não estou, mas estou. Que confusão!
5. Saber que não está mais no corpo físico já é uma vantagem. Agora a senhora pode conversar com seus familiares mortos, com sua irmã, por exemplo, que morreu faz tempo.
- Eu não consigo compreender como se dão essas coisas. Como pode estar acontecendo tudo isso? É muito difícil, eu preciso pensar. Eu estou aqui, mas ao mesmo tempo não estou... É muito confuso.
Observação: ao dizer isso o Espírito fazia o médium apalpar os próprios braços, pois estava admirado por estar falando, mesmo não tendo mais o seu corpo.
6. É curioso, mas é assim mesmo. Nós somos o que somos, com ou sem o corpo físico, somos Espíritos imortais.
- Então eu vou continuar vivendo assim?
7. Sim, e essa confusão vai passar, se a senhora pedir a Deus que lhe ajude a recobrar suas faculdades de Espírito e entender melhor a sua situação. É preciso orar com fé.
- Vamos orar, vamos orar então!
8. Coloque o seu coração nas palavras dessa prece que Jesus nos ensinou e sentirá alívio novamente. Pedimos aos bons Espíritos que aqui estão que tornem eficaz essa prece e a levem a Deus, em favor dessa nossa irmã que sofre, pois desejamos que ela fique bem. (Foi dita em favor do Espírito a Oração Dominical.) Sentiu um alívio, Sra. Clarete?
- Senti. Eu vou orar mais vezes, porque quero me sentir melhor. Agora vou embora.
9. Que Deus a abençoe.
(Por psicofonia, dia 21 de maio de 2024.)
Quarta conversa
(Dia 26 de maio de 2024)
Antes de passarmos a palavra ao Espírito da Sra. Clarete, fizemos por ela a prece pelas almas sofredoras que nos pedem preces.2
Havíamos preparado com antecedência algumas perguntas para propor à Sra. Clarete, mas antes lemos para ela estas palavras:
Nós estudamos a ciência espírita há algumas décadas e, sempre que temos oportunidade de nos instruir com algum Espírito ficamos felizes e agradecidos. Assim, se a senhora consentir em nos instruir sobre sua situação como Espírito, Deus levará em conta os seus esforços para nos ajudar. Para nós, é uma oportunidade de nos instruir enquanto prestamos um serviço, e assim nos ajudamos mutuamente segundo a vontade de Deus.
O Espírito inicia sua fala, dizendo:
- Eu também quero falar com vocês. Pedem-me para eu lhes ajudar, enquanto sou eu que preciso entender as coisas. Foi-me dito que a minha situação é essa mesma, que morri, mas não morri. Isso eu quero entender melhor. Como é que eu estou perto do meu sobrinho e de seus familiares, mas meu corpo já não é mais daí? Isso faz uma bagunça na minha cabeça.
1. Isso é compreensível, porque geralmente as religiões ensinam que, ao morrermos, iremos para o céu, para o inferno, ou iremos dormir até o dia do juízo final. Qual era o seu pensamento a respeito da morte?
- Eu ia à igreja semanalmente, rezava e sabia que, quando terminasse a minha vida, eu estaria em paz. Era isso que eu esperava: estar em paz. Mas, agora eu fico aí me preocupando, vendo as coisas que acontecem e não posso fazer nada. A minha cabeça ainda dói, acho que é de tanto eu pensar.
2. Quando morremos, apenas deixamos o corpo de carne, do qual não mais precisamos, mas ficamos com um corpo mais leve, aquele que São Paulo chamava de corpo espiritual3, Jesus chamou de túnica nupcial4 e nós chamamos de perispírito5. Então, é com esse corpo, que já era seu junto com o outro, que agora a senhora se movimenta, que sente e pode se deslocar mais rapidamente de um lugar a outro, mas que nós não podemos enxergar. Para se deslocar de um lugar para outro, a senhora não precisa mais de carro, nem de avião, porque é o pensamento que lhe transporta6. E, onde estiver o seu pensamento, a senhora estará. Nós só conseguimos ouvir a senhora quando fala usando o que poderíamos chamar de intérprete, um médium que tem um corpo físico para lhe emprestar, como é o caso agora.
- Eu percebo. Então eu tenho mesmo esse corpo com o qual me vejo?
3. Tem, e ele é imortal.
- Nossa! Nunca pensei nisso.
4. Ele se transforma e se depura até chegar a confundir-se com o Espírito. Esse é um trabalho individual que cada um de nós precisa fazer.
- Tudo isso é para mim uma novidade, mas como estou me vendo nessa situação, não tem como não acreditar que seja verdade. Então eu vou continuar vivendo?
5. Certamente.
- Se é assim, eu posso morar com meu sobrinho e sua família, já que me faz bem a companhia deles?
6. Sem dúvidas. No entanto, também tem afetos seus que morreram, mas que não morreram, como a senhora agora já sabe, e têm afeto pela senhora.
- É verdade. Nossa, senti até um alívio na minha cabeça! Há quanto tempo eu não tinha um alívio assim! Ainda tenho que pensar nisso, porque não imaginava que poderia conversar com aqueles que morreram. Nunca pensei nessas coisas, nem como poderia ser isso.
7. A senhora pensava que ao morrer estaria em paz, mas que paz poderia existir se estivéssemos separados para sempre daqueles a quem amamos, não é mesmo?
- Pois é, nem sei o que falar sobre isso. Eu imaginava que teria paz, mas ao mesmo tempo não queria morrer, porque é um tanto difícil deixar principalmente as coisas que construímos e cuidamos. Essa separação das minhas coisas ainda me traz um pouco de agonia...
Observação: apesar da idade, a Sra. Clarete era bastante ativa. Cuidava do seu jardim, onde tinha um pequeno orquidário, cultivava árvores frutíferas, dirigia seu próprio carro.
8. Isso ocorre porque muitas vezes acabamos nos confundindo com as coisas materiais, perecíveis, esquecendo-nos que Jesus disse para cultivarmos tesouros no céu, onde o ladrão não rouba e a traça não corrói.
- Verdade, eu já ouvi isso. Então é isso? Tanto trabalho, e agora não preciso mais dessas coisas que ficaram aí.
9. Os bens da Terra são meio de progresso que Deus nos concede, quando tomamos um corpo físico, não são um fim em si mesmos. Nós não somos as coisas, somos Espíritos imortais. Os bens materiais passam, o Espírito permanece, como a senhora mesma pode constatar.
- Se é assim, então eu quero ver aqueles que partiram antes de mim. Eu fico até feliz por saber que posso fazer isso.
10. Quem a senhora quer ver agora?
- Quero ver a minha irmã.
11. É preciso chamar com o coração sincero. Nós vamos chamar junto com a senhora. (Foi feita a seguinte evocação: em nome de Deus, nosso Pai, nós chamamos o Espírito da Sra. I., irmã da Sra. Clarete que quer vê-la.
- (Depois de alguns segundos:) Ela está aqui e me estende a mão, sorrindo para mim! Ela diz que faz muito tempo que queria falar comigo, que tem muitas coisas para me contar. É estranho isso, mas é verdade que ela está aqui! Eu a vejo como ela era, mas está mais nova. Nem sei o que falar com ela! Sinto alegria, mas um pouco de vergonha também, porque não estava acreditando nisso. Ela diz que vai me ajudar a entender muitas coisas que eu ainda não entendo e eu quero ouvir. Vou ficar com ela, então.
12. Depois vem contar-nos o que aprendeu?
- Venho, porque vocês me ajudaram. Eu agradeço. Até outro dia.
(Por psicofonia, dia 26 de maio de 2024.)
Quinta conversa
(Dia 13 de junho de 2024)
Evocação.
- Estou aqui.
1. O que a senhora tem feito?
- Naquele dia eu conversei com minha irmã. Ela me deu uns conselhos e falou coisas que me pareciam boas, mas ainda é difícil. Quando eu vejo todas as minhas coisas, que ela disse que eu tenho que esquecer, é um peso grande para mim, e dói mesmo. Eu a vi feliz, mas não sei se ela pode me ajudar a mudar o que eu sinto.
2. Está aqui entre nós um amigo que serve unicamente a Deus, um Espírito superior, que se chama Allan Kardec. A senhora o vê?
- Aqui me sinto um pouco melhor. Minha cabeça doía muito, mas agora sinto um alívio e isso é bom. Será ele então que está me ajudando?
3. Sim, e ele pode lhe mostrar um futuro melhor, que a senhora pode esperar se fizer de bom grado o que é preciso fazer. O que ele lhe diz?
(Depois de alguns minutos de silêncio) - Ele me acalmou. Olhou para mim com um olhar doce e profundo e me disse que Deus me ama, mesmo eu ainda sendo ruim. Disse que se eu quiser ele pode me mostrar como devo fazer para ser uma boa pessoa. Eu não o conheço, mas ele me parece ser de toda confiança.
4. A senhora aceita a ajuda dele?
- Ah, isso que eu sinto me diz que posso confiar nele. Ele falou também que se eu escutar as palavras da minha irmã ele assegura que vou ficar melhor e que meu sobrinho e sua esposa também ficarão bem. Eu quero o bem deles. Parece que tenho mesmo que deixar de me preocupar com as coisas que deixei aí.
5. É preciso prover outros bens, propriedades verdadeiras que, no dizer de Jesus, as traças não consomem e os ladrões não roubam7. Nosso professor que aqui está pode lhe ensinar a construir tais propriedades.
- Eu vou tentar, vou confiar. Orem, orem então para eu conseguir entender. Ele disse que vai me ajudar e eu vou confiar, porque quero ficar bem como estou me sentindo agora. Peço que continuem a orar por mim. Até breve.
6. Até breve. Que Deus a abençoe.
(Por psicofonia, dia 13 de junho de 2024.)
Sexta conversa
(Dia 14 de junho de 2024)
Evocação do Espírito da Sra. Clarete.
- Hoje estou me sentindo melhor. Aquele grande peso não está mais comigo, embora ainda o sinta um pouco, mas comparado ao que sentia antes já me sinto feliz.
1. Graças a Deus. A senhora sabe o que causou essa melhora?
- Foram as palavras que ouvi, as instruções que estou recebendo. São muitas coisas difíceis para eu entender, mas parece que fazem sentido.
2. Gostaria de contar-nos sobre o que lhe é mais difícil de entender?
- É um pouco de tudo, mas o que me pesa mais é entender essa vida nova que continua e que preciso olhar de um outro jeito. Preciso entender que a gente deixa tudo o que era tão importante e que agora não tem mais importância. Ver de outro jeito as coisas a que me dediquei para construir é o que eu ainda acho muito difícil. Por outro lado, esses amigos me mostram que tudo o que eu tinha servia justamente para eu me melhorar, que eram coisas que deviam me ajudar a fazer diferente, para que eu enxergasse um pouco além da matéria. Mas a verdade é que só agora me dou conta de que tudo aquilo a que tanto eu dava importância, não era o mais importante. Parece que esse apego exagerado era algo mais forte em mim e já vinha de outras vidas que eu tive e que só agora estou percebendo.
3. Então já lembra que viveu outras vezes num corpo físico?
- Sim, estou me dando conta. É isso que esses Espíritos que estão me ajudando me fazem compreender. Dizem que não devo dar tanta importância ao que ficou, porque é isso que ainda me pesa. Minha irmã também está aqui e me garante que se eu aproveitar essas instruções que recebo, vou realmente ficar bem. Eu estou fazendo um esforço para entender, porque já vi que elas fazem sentido. Não posso mais dar ouvidos aos maus pensamentos que às vezes tomam conta de mim.
4. Parece que hoje tem mais familiares seus aqui do que nos outros dias, não é mesmo?
- Sim. Tem também um amigo que diz que me acompanha há muito tempo, e deseja que eu realmente ouça os seus conselhos. Ele me foi apresentado por esse professor que me acalmou tanto ontem, que me deu uma esperança tão viva. É por isso que hoje sinto menos angústia, menos dores, que sinto um bem-estar que não dá para explicar. Sei que tudo isso eu devo a ele.
5. Para manter esse estado de alma é preciso fazer uma reflexão sincera sobre si mesma, a fim de verificar se não guarda na alma alguma mágoa, algum rancor, culpas, ou algo que gera peso e sofrimento8. Tem coisas que guardamos durante a vida que infectam nossa alma de certa maneira, das quais precisamos livrar-nos para que tenhamos paz.
- Eu acho que vou ter que fazer mesmo uma reflexão e aprender a tirar de mim tudo isso que guardei, pois tenho também coisas do passado que ainda me pesam.
6. Conhecendo-nos bem e sabendo que ainda somos almas infantis, Jesus nos ensinou aquela prece que a senhora disse que gosta. Ela nos ajuda a termos uma conversa sincera com Deus.
- Eu vou fazer essa prece, vou pedir. Então, quando eu sentir um pesar, essa prece vai me ajudar a refletir sobre o meu passado e a livrar-me do que me faz mal?
7. Se a senhora pedir com sinceridade, vai ajudar. Seu anjo guardião e esse bom professor, lhe ajudarão, basta pedir a eles.
- Eu percebo que tenho um trabalho a fazer. Deve ser um trabalho difícil mesmo, porque tem aqui bastante gente querendo me ajudar. Eu entendi que sozinha não vou conseguir, mas sinto que a ajuda deles é sincera, que o coração deles é puro, eles me transmitem segurança. Eles tocam a minha alma no mais íntimo do meu ser. Quero me esforçar para compreender o que preciso compreender e me afastar do sofrimento.
8. Pedir auxílio é um bom uso que se faz da liberdade, é um movimento importante da alma.
- Então eu peço para que eles me ajudem, que me deem forças, porque eu preciso. Ajudem-me, Espíritos que olham por mim.
(Por psicofonia, dia 14 de junho de 2024.)
Observação: o sobrinho da Sra. Clarete não mais teve os sintomas que vinha apresentando por causa da aproximação do Espírito dela. Por sofrer, ela comunicava a ele seus sofrimentos e suas dores, pois as disposições morais se comunicam muito facilmente em certos casos. Graças ao que nos ensina o Espiritismo, essa família foi auxiliada.
Agradecemos especialmente ao Sr. Allan Kardec por continuar a auxiliar os Espíritos e os homens que o buscam, confiantes na sua solicitude.
A fé no futuro, a elevação do pensamento, durante a vida, para os destinos vindouros, favorecem e aceleram o desligamento do Espírito, por enfraquecerem os laços que o prendem ao corpo, tanto que, frequentemente, a vida corpórea ainda se não extinguiu de todo, e a alma, impaciente, já alçou o vôo para a imensidade. Ao contrário, no homem que concentra nas coisas materiais todos os seus cuidados, aqueles laços são mais tenazes, penosa e dolorosa é a separação e cheio de perturbação e ansiedade o despertar no além-túmulo."9
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